terça-feira, 29 de novembro de 2016

Ensaio Sobre a Cegueira: José Saramago

Ensaio Sobre a CegueiraTítulo: Ensaio Sobre a Cegueira
Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Classificação: 4,5 Estrelas

Ficha do Goodreads aqui

Dos livros de Saramago este era o que mais despertava a minha curiosidade, no entanto só o comecei a ler por causa dos projectos #lersaramago e #lerosnossos da Cláudia A Mulher que Ama Livros e por ser uma leitura conjunta com a Cata.

Iniciei-me nesta leitura um pouco de pé atrás pois já sabia que o estilo de escrita de Saramago, para mim, não é fácil de se ler. No entanto, fui surpreendida e muito, pela história. Intensa e que me, logo em poucas páginas, me prendeu.
Numa cidade, não sabemos onde, um homem fica subitamente cego, mas uma cegueira branca. Rapidamente surgem mais casos do "mal branco" e os indivíduos que cegam e os que de algum modo tiveram contacto com estes cegos são levados para um manicómio que estava fechado, de forma a tentar controlar a epidemia. Mas à medida que o tempo passa, o "mal branco" vai-se propagando e todos, excepto a mulher do médico, cegam.
A história é crua e intensa. O que é feito aos cego. Como os cegos são tratados. A falta de humanidade. O "olhar para o seu próprio umbigo". A lei do mais forte. Em como o ser humano se torna animal.
As cenas passadas em quarentena são mesmo muito duras e violentas e confesso que houve uma em particular que me deixou mesmo muito desconfortável. 
Um aspecto interessante é a omissão de nomes. Não conhecemos em o nome da cidade ou país, nem tão pouco o nome de nenhuma das personagens. São apenas conhecidos por alguma característica que os distinga, como por exemplo, o primeiro cego, ou a mulher do médico; sendo o nome e características da pele irrelevantes.
Continuei a sentir algumas dificuldades com o estilo de escrita, em que os diálogos se misturam com o texto. Mas é uma escrita com muita qualidade e uma história forte, num registo cru, violento e cheio de angustia. 

A cegueira é uma metáfora. Talvez represente o facto de muitas vezes não vermos o óbvio, de não vermos para lá dos nossos preconceitos. Em que cada um só vê o que lhe convém. Pelo menos foi assim esta a minha conclusão. 

O livro não leva as 5 estrelas completas pois o final não me satisfez totalmente no que diz respeito às perguntas que fiz praticamente ao longo de todo o livro.
Porquê as pessoas ficaram cegas?
Porque é que a mulher do médico foi a única a não cegar?
E já agora...
Confesso também que não percebi muito bem o significado da cena da igreja.

Eu sei que não sou propriamente uma pessoa perspicaz a descobrir significados ocultos mas realmente senti que faltavam algumas explicações.



E por incrível que possa parecer, fiquei com vontade de ler mais de Saramago e sem dúvida que vou querer ler dois livros que me foram entretanto recomendados - As Intermitências da Morte e O Homem Duplicado.

4 comentários:

  1. Olá, Tita,
    Também já tenho este na minha estante para ler :D por acaso, já vi o filme ("shame!") e em conjunto com a tua opinião já vou avisada para o ler de outra forma...

    Bejinhos e que venham mais boas leituras

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Su,
      Se já tens o livro na estante, então dá-lhe uma oportunidade. Eu estava mesmo de "pé-atrás" mas foi uma surpresa tão boa =)
      Se quiseres, vê também o vídeo de opinião que fiz, a ver se te convenço a pegar no livro em breve ;) Podes ver aqui: https://www.youtube.com/watch?v=tmwATjwvKeg

      Quanto ao filme, até pode ser, que já não te recordes que muita coisa da história. Eu ainda não vi mas quero tentar ver este mês.

      Sim, venham mais boas leituras mas não só para mim, para todos =)

      Beijinhos

      Eliminar
  2. Olá Tita
    Este e As Intermitências da Morte são os livros que mais quero ler do autor.
    Ainda bem que gostaste!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Sara,
      se te desperta a atenção, então dá-lhe uma oportunidade. Acho que vais gostar muito da história =)
      Beijinhos

      Eliminar